sexta-feira, 9 de março de 2007

O parque automóvel e o trânsito na cidade

Por incrível que pareça, sendo um dos países mais pobres do mundo, deparamo-nos com as mais altas novidades no mundo automóvel assim como os topos de gama mundiais em marcas como a BMW, Mercedes, Porsche, Lexus, Toyota, Audi, assim como os jipes mais sofisticados e enormes. Claro está que não podia faltar o enormíssimo “Hummer” na escala do mais forte. Claro que também se verifica enúmeros carros bem antigos e desfigurados, mas num universo de 4 milhões de habitantes na cidade não podia ser tudo de alta gama, esses ficam reservados para uma pequena fatia da população.

Fiquei surpreendido com a quantidade de jipes que existem na cidade mas tendo em consideração o estado degradado das estradas é quase que uma condição obrigatória ter um jipe, assim como quando se pretender fazer umas deslocações para fora da cidade.

Tanto eu como grande parte dos expatriados que aqui se encontram a trabalhar, todos temos ou motorista ou automóvel para as deslocações, quer seja do hotel para o escritório, do escritório para os clientes ou para um restaurante. Também se verifica que não existe um adequado sistema de transportes que facilite essa situação, daí que a cidade quase que acaba por ser dominada pelos “candongueiros”, as carrinhas “Toyota Hiace” de cor azul e branca assim como os veículos de turismo particulares, que grande parte são os “Toyota” Starlet” denominados por “girabairro” que fazem o transporte de grande parte da população que vive nos arredores da cidade, visto não serem abrangidos pela rede de transportes públicos existente na cidade. Ambos são conduzidos por motoristas, grande parte, completamente inconscientes que tudo fazem para dar o maior número de voltas na cidade para obter um rendimento.

Falando dos “candongueiros”, o seu objectivo de táxi é para no fim do dia dar o valor estipulado ao seu “proprietário” e conseguir a sua mais-valia. Esta mais-valia resulta da mistura entre conseguir o dinheiro para entregar e não ter nenhum acidente, avaria ou não ser interceptado pela polícia que tenta complicar um pouco a vidinha. O estado de conservação destes táxis é assustador, encontra-se de tudo, desde carrinhas a andar de lado assim como com a ferrugem já toda à mostra como se fosse um novo modelo de pintura. Impressionante a quantidade de pessoas que cada um deles leva. Falamos de bancos corridos que levam 4 pessoas (no mínimo) em cada preenchendo uma média de 16 pessoas por táxi.

Reina a lei do mais forte nos cruzamentos, o mais atrevido e claro está que os jipes e os de gama alta conseguem ter um pouco mais de prioridade em relação aos outros veículos. Não é verdade que nas rotundas quem tem prioridade é quem lá está!!! Essa situação aqui em Luanda não se verifica!! Assim como as ultrapassagens são feitas quer pela esquerda ou pela direita, assim como pelo próprio passeio em dias de maior movimento. Eu próprio também já me adaptei a essa situação e estou com medo de como vai ser a minha condução quando chegar a Portugal...

As estradas também não ajudam muito à circulação devido ao seu mau estado. Mas magnífico é: as estradas têm crateras enormes que se se acerta com uma roda lá estraga-se a suspensão toda e o risco de arrebentar um pneu, mas mantêm-se a compra das viaturas de alta gama e melhor ainda com pneus de baixo perfil. Além do mais, já vi a circular aqui em Luanda um “Bentley” assim como um “Ferrari” com as brilhantes estradas existentes.
Outra situação que se verifica é a ausência de passadeiras e de semáforos para aqueles que andam a pé pela cidade. Claro está que é um perigo iminente para quem quiser atravessar uma estrada, mas existe sempre quem o faz, ficando parado no meio das faixas à espera de uma vaga entre dois caros que venham a circular. Pelo menos ainda se respeita quando se trata de crianças com a bata branca do colégio para atravessarem a estrada, porque caso contrário ninguém pára.

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