sexta-feira, 30 de março de 2007

Angola - Análise ao país

Angola é um país pertencente ao continente Africano com uma área total de 1.246.700 km e com uma população estimada de 15.941.000 habitantes, dos quais, aproximadamente, 4 milhões habitam na capital (mais informações se terá quando terminar o processo do Registo Eleitoral em curso). Da população angolana, grande parte é do sexo feminino, e possuí duas riquezas mundiais: a maior taxa de fecundidade (número de filhos por mulher) e a maior taxa de mortalidade infantil!! É digno de entrada para o livro do “Guiness”!!!

O país é extremamente rico no que se refere a recursos naturais, tais como diamantes, petróleo, ferro, ouro, prata e platina (falta o bronze para sair daqui tudo para as medalhas dos Jogos Olímpicos!!), mas extremamente pobre nas condições de vida para a maioria da sua população.

A moeda local é o kwanza (AOA) mas também é aceite o Dólar Norte Americano, cujo câmbio neste momento anda à volta dos 80 AOA/USD.

O país encontra-se dividido por 18 províncias, sendo Bengo, Benguela, Bié, Cabinda, Kuando-Kubango, Kwanza Norte, Kwanza Sul, Kunene, Huambo, Huíla, Luanda, Lunda Norte, Lunda Sul, Malange, Moxico, Namibe, Uíge e Zaire. O território angolano faz fronteira a norte e a leste com a República Democrática do Congo, a leste pela Zâmbia, a sul pela Namíbia e a oeste pelo Oceano Atlântico. O enclave de Cabinda faz fronteira com a República Democrática do Congo a sul, norte e leste e o Oceano Atlântico a oeste. De todas as províncias, os principais centros urbanos, além da capital, são o Huambo (antiga Nova Lisboa) na província do Huambo, Benguela e Lobito na província de Benguela e Lubango (antiga Sá da Bandeira) na província do Namibe.

A língua oficial é o português representando a primeira língua de 30% da população angolana, a percentagem aumenta quando se trata na capital, de seguida o umbundo na região centro-sul, com 26% da língua materna e o kimbundu, sendo a terceira língua mais falada (20%) na zona centro-norte.

As principais danças deste país são o semba e o kuduru.

Angola foi uma colónia portuguesa até 11 de Novembro de 1975 (data da sua Independência), e onde se encontra no poder o partido político MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) até à presente data.

segunda-feira, 26 de março de 2007

Fotos Lobito / Benguela / Gabela / Sumbe




















Os costumes angolanos...

A filosofia de vida africana difere, em muita coisa, da cultura europeia. Soube duma situação que espelha bem esta diferença cultural! Ou seja, uma moça aqui em Angola teve um pequeno descuido e engravidou, tudo fez para abortar pela toma de comprimidos para provocar o aborto. Ora, o pai dela (com um cargo militar) soube que ela engravidou e a primeira acção que tomou foi de obrigar a filha a casar com o dito que a engravidou!!! Pelos comentários da moça, ainda só passaram dois meses de casamento e ela está completamente saturada dele, sendo ele um verdadeiro “bandido”, saindo todas as noites para ir ter com as suas outras namoradas enquanto ela fica em casa!!! Alguém me explica onde está a filosofia de que os pais querem os melhores para os filhos e vê-los felizes para sempre???? Que pode esta moça fazer para atingir a felicidade sem contrariar o pai??

Os acidentes

Em cada fim-de-semana é raro não haver acidentes na cidade, ou seja, aqui existe o “oito e o oitenta!!” Ou se circula a vinte à hora (deve estar a acabar o combustível) ou a uma velocidade estonteante!!! O meio termo é uma coisa rara ou coisa de estrangeiro mas de outro país fora do Continente Africano!!! Não admira que de quando em quando existem uns acidentes bem graves, principalmente nas noites do fim-de-semana em que se abusa um pouco dos “copos” e se acham os melhores condutores do mundo...

Para muita gente daqui que anda a conduzir, muitos deles desencartados, que, ou compraram a carta ou aprenderam a dar uns “toques” na condução com o vizinho ou amigo que é “candongueiro” e de seguida pegam no carro e vão para a estrada. Para esta população existe um boa solução!!! Ou andarem a pé, de táxi ou de bicicleta (apesar desta também ser perigosa ao andar no meio do trânsito...) de modo a não andarem a complicar o trânsito na cidade e a andar largas asneiras na condução, visto que sinais é coisa que é só para alguns cumprirem...

Os assaltos

De dia para dia vai havendo mais assaltos na cidade. E neste momento, nem vale a pena reagir perante um bandido porque está-se sujeito a levar um tiro por um mero telemóvel ou uns dólares!!

Atenção que aqui “é-se preso por ter cão ou por não ter!” Se tivermos um telemóvel desbloqueado (rede UNITEL) e reagirmos habilitamo-nos, como já disse, a levar um tiro, mas se tivermos um telemóvel bloqueado (rede MOVICEL) habilitamo-nos a levar uma porrada porque o telemóvel não lhes serve para nada! Eu estou a habilitar-me a levar um excerto de porrada...

A mesma situação acontece caso se tenha ou não dinheiro...

Tomei conhecimento duma nova onda de assaltos (ou então só agora ou é que soube!). Nas praias dos quilómetros, os carros que estão lá estacionados, enquanto os seus passageiros estão a “desbundar” a praia, estão a ser vítimas de roubo, mas não é só o interior mas sim o próprio carro para ser levado ou para outras províncias ou para outro país! É necessário ter cuidado neste momento...

Atolado numa praia dos quilómetros

Em Março de 2007 decidi ir para a praia dos quilómetros. Para quem não sabe, as praias dos quilómetros são as praias que se estendem ao longo da costa entre a cidade de Luanda para sul até à província de Kwanza Sul. Tem boas praias e acaba por ser uma excelente alternativa para a saturada Ilha de Luanda!! Optei então por seguir para estas lindas praias.

O tempo ajudava e estava tudo perfeito para ter um brilhante dia de praia, não fosse a vontade do português de querer ficar com o carro quase dentro da praia!!! Eu não fui excepção só que me dei mal...

Aproximei-me demais da costa e o terreno onde andava estava um pouco enlameado mas parecia perfeitamente normal para um jipe. Após cinquenta metros de caminho em lama em direcção à praia o inesperado acontece!! Afinal não era só lama mas sim lodo... Escusado será dizer que fiquei atolado com o diferencial assente no chão.

Fui pedir ajuda a uma série de pessoas que estavam com e sem jipes e que foram até ao terreno para me tentar ajudar. Vou relatar cada um dos episódios.

(i) Estavam uns angolanos a almoçar e lá fui eu incomodar para me darem uma ajuda que tinha ficado atolado na lama. O senhor lá foi comigo e quando chega perto do terreno diz que nem sequer lá iria entrar com o carro e que o melhor que eu tinha a fazer era ir até à estrada, pedir boleia até ao pronto socorro (a uns 10 quilómetros de onde estava). Fiquei agradecido pela dica mas todos nós sabemos bem como é pedir boleia em Luanda! Primeira tentativa frustrada...

(ii) Aparece um jipe com um casal de angolanos em que lhe pedi ajuda. A resposta que tardava a vir apareceu!! “Claro que ajudo mas preciso que me dê uma ajudinha para o gasóleo!! – A dita “gasosa” porque, em Luanda, nada se faz com boa vontade e entreajuda mas sim a troco de umas “gasosas”. Concordo com o casal e lá tenta entrar no terreno. Ao fim de dois metros de entrar ficou atolado! Segunda tentativa frustrada...

(iii) Lá apareceu umas pessoas conhecidas que nos deram uma boleia à procura do pronto-socorro. Ora, o pronto-socorro estava fechado. Parámos perto de uns camiões para pedir ajuda e lá houve um camionista que decidiu nos ajudar. Apenas nos disse que não tinha gasóleo no camião. Este motorista foi impecável em todo o tempo e sem pedir qualquer “gasosa”. A explicação para este facto era ele não ser de Luanda mas sim da província do Namibe. Apesar das inúmeras tentativas do camião não conseguiu arrancar a pickup do lodo principalmente pela falta de um cabo de aço. Terceira tentativa frustrada...

(iv) Uns jovens angolanos a gabarem-se que o jipe deles nunca tinha ficado atolado em lado nenhum, como se tivessem o melhor jipe do mundo, estavam dispostos a ajudar-me. Claro está que pediu a respectiva “gasosa” para o serviço. Lá foi acordado o valor e pôs-se ao terreno. Claro está que também ficou atolado, assim como um outro jipe que tentou ir socorrer este também não teve força para sair. Quarta tentativa frustrada...

(v) Chegou a vez da ajuda manual!! Uns “candongueiros” que foram todos para esta praia para apanhar uns valentes bebedeiras decidiram ir oferecer a sua ajuda. Ora, claro está a troco da sua “gasosa” mas que eram uns 30 homens e que tiravam a pickup num instante. Certo que a carrinha nem sequer se mexeu de onde estava. Quinta tentativa frustrada...

(vi) Era quase de noite e novamente com a ajuda do camião, conseguiu-se retirar todos os jipes atolados que foram em meu auxílio mas o meu continuou por lá. Ora todos aqueles inicialmente me pediram dinheiro esqueceram-se de me agradecer porque se o camião os tirou foi porque fui eu que o levei para lá, mas assim que se viram salvos, todos se piraram, com excepção de um que me deu todo o auxílio, embora em vão. Sexta tentativa frustrada...

(vii) As pessoas que decidiram me ajudar conheciam um outro pronto-socorro que estava aberto porque funcionava 24 horas e lá fomos. Ora as 24 horas deste pronto-socorro são relativas. Ao telefone não havia nenhuma viatura disponível, quando se liga para o dono já existe. Lá nos disseram que vinham a caminho. Passado 30 minutos de espera ligamos novamente para o pronto-socorro. Ainda nem tinha saído nem ia dizer mais nada (o angolano não consegue dizer que não a nada, simplesmente não aparece). Não vieram e o dono disse para aparecer no dia seguinte a partir das 7 horas da manhã (grandes 24 horas disponíveis)!!! Sétima tentativa frustrada...

(viii) Lembrámo-nos de ligar para os bombeiros e lá vieram em nosso auxílio. Ora, começou a chuviscar e para azar dos azares, conseguimos assistir ao despiste do camião dos bombeiros por uma ravina!!! A solução tendia a não aparecer. Não houve feridos e tentámos saber como eles iam tirar o camião e foi transmitido que seria pelo reboque dos bombeiros. Ora aí estava a minha solução!!! Se consegue retirar o camião dos bombeiros de uma ravina também me consegue tirar a minha pickup do lodo!!! Tarde de mais, o reboque só vinha no dia a seguir, também às 7 horas da manhã mas passei lá um pouco antes e já não estava lá o camião dos bombeiros. Oitava tentativa frustrada...

(ix) Após a pickup passar a noite atolada no lodo, no dia seguinte, às 7 horas da manhã já estava no pronto-socorro. Vi as horas a passar e sem solução. O dono estava a dar muitas “voltas” na ajuda. Primeiro faltava afinar os travões da grua que me ia tirar e quando estavam arranjados faltava o motorista!! Ora falamos de uma empresa de pronto-socorro que não tem motoristas... No mínimo é estranho!!! Após o diálogo acerca do caso da carta de condução do Mantorras e a revolta demonstrada, comecei a aperceber-me que provavelmente não iria ter nada resolvido com aquela empresa. Nona tentativa frustrada...

(x) A solução finalmente apareceu caída do céu!!! Enquanto aguardava o motorista do pronto-socorro, falei com um senhor que lá estava que me levou a uns amigos dele para me tentarem ajudar. Estava a ver as horas a passar e à espera que chegasse um jipe para me ir desatolar do lodo. Comecei a imaginar que não iria dar certo, porque vários jipes me tentaram tirar e nenhum conseguiu!!! Mas este estava bem artilhado!!! Lá seguimos até à praia dos quilómetros para retirar a pickup. Fiquei descansado, porque sendo este jipe duma empresa de camionagem, se ficasse lá atolado já estava um camião grua de prevenção. Após uma série de tentativas sem resultado, com, inclusive os cabos de aço a rebentarem e a começar a perder a esperança, surgem uns jovens da aldeia e que nos ajudaram a escavar por baixo da pickup de modo a que ela ficasse mais vulnerável para ser retirada. Lá foi acertado a respectiva “gasosa” e mãos à obra. Depois dessa ajuda, entrou o jipe que estava lá e a minha pickup lá saiu, claro está num estado de sujidade que não consigo descrever! Lá me desenrasquei e aprendi que existem certas zonas que não se deve entrar com carro, mas, só acontece a quem anda e nada me garante que não volte a acontecer...

A estação das chuvas

Estando numa zona tropical, não podia faltar as características chuvas. Pela falta de saneamento da cidade, quando chove aproxima-se o caos! Quando dá para circular o trânsito fica simplesmente parado ou quase parado, com ruas interditas que não dá para passar, rios de água a descer as ruas da cidade para ir desaguar à Marginal, carros avariados por todo o lado, etc..

Com as chuvas, o angolano também vê uma oportunidade de negócio!! Aparecem os “costangueiros” que transportam as pessoas nas costas para não se molharem, outros colocam umas tábuas em algumas zonas que ficaram destruídas e cobram uma “portagem”, a venda de sacos à saída dos restaurantes que ficaram inundados para proteger os pés e por aí fora...

A última chuvada que caiu foi em Fevereiro e bem violenta. Chegou a haver mortos, quer electrificados, quer pela força da corrente criada pelas chuvas, assim como o arrastamento de terras, casas, contentores, enfim, tudo o que estava vulnerável foi arrastado para o mar! A cidade, em algumas zonas, ficou mesmo maltratada.
Passei por contentores que andavam a boiar no mar assim como o rasto de destruição provocado.


Com estas chuvas, os banhos na Ilha de Luanda a que se estava habituado ficaram condicionados pelo risco da cólera e de outras doenças.

A tentativa para a segunda casa em Luanda – Será desta???

Depois de tentar vários contactos de intermediários para arranjar uma casa e de ir ver algumas e nenhuma delas me agradar, peguei no Jornal de Angola e fui aos classificados. Apareceu uma casa que me preenchia as condições e decidi telefonar. Fui ver a casa, num último andar (6º andar sem elevador) na Maianga, mas com um terraço enorme que privilegia a vista soberba sobre a cidade. Depois de acertadas todas as condições com o senhorio chega a parte do pagamento. Começa o problema!!

A falta de dinheiro na empresa começa a ser uma realidade, porquê?? A empresa mãe decidiu criar a empresa em Angola mas com a filosofia que se sustente a si própria!! Ora, temos uns gestores que querem que uma empresa seja criada num dia e no dia seguinte já tenha milhões... Embora Angola seja uma terra de diamantes e petróleo as coisas não funcionam bem assim para as outras áreas. Não se abre um buraco na terra e se enriquece...

Tenho que agradecer e muito ao senhorio que está a aguardar uma parte do dinheiro das rendas que devia ter sido entregue no início de Janeiro de 2007 e que até à data ainda não foi entregue...

A Polícia (Parte II)

Mais recentemente, fui abordado por um agente da Brigada de Trânsito e com este sim foi a verdadeira aventura!! Numa série de carros que iam à minha frente, o senhor agente devia estar à procura de quem lhe ia financiar o dia procurando no interior das viaturas a cor que mais lhe agradaria!! Claro está que fui mandado parar e sem grande escapatória para fugir pois quase que se pôs à minha frente. Pediu-me os meus documentos e os da viatura para analisar. Convêm dizer que ainda não tenho os documentos da viatura por razões alheias a mim, e aí começou o problema com o dito agente. Não adiantou de nada inventar que o carro tinha sido assaltado no dia anterior e que fiquei surpreendido por me terem levado os documentos do carro porque ele só queria mesmo era me levar para o posto central da Brigada de Trânsito situado no 1º de Maio. Entrou para dentro do carro e aí vamos nós numa viagem animada, em que eu tinha uns meros 20 Kwanzas no bolso. Tentando abordar um modo de evitar ter que ir até ao 1º de Maio, lá acertei um valor com o dito agente e tive que passar no escritório para ir buscar dinheiro para lhe dar. Só me dizia “você está a dar muitas “curvas”!! Vá logo directo ao assunto!!”, pois claro está que eu pretendia que fosse ele a indicar-me uma outra solução para eu não correr o risco de ser acusado de suborno à autoridade. Enfim, lá tive que dar dinheiro a um polícia e andá-lo a passear pela cidade, desde a Marginal até ao Kinaxixi.

Viagem para Benguela

Em Novembro de 2006, ao aproveitar os feriados do início do mês, arranquei para ir passar 4 dias a Benguela. Viagem que se optou por fazer de carro mais uns colegas do escritório em vez de irmos de avião. É de facto extremamente cansativo a viagem resultante do estado da estrada, principalmente depois do Sumbe. Aqui sim, começa a verdadeira aventura em termos de perícia de condução para o “desvio” dos buracos.

Numa das paragens efectuadas para abastecimento de cerveja e de comida, apercebemo-nos da criatividade aqui existente, tendo em consideração a matéria-prima existente para o efeito. Uma viatura feita com a maior originalidade ao qual não podia deixar de tirar uma fotografia para se analisar e ver o material com que foi efectuada este carrinho que até volante tem.


Chegámos ao Sumbe por volta das 18.00H (já de noite) e estando ainda a meio da viagem, pelo facto de sairmos de Luanda por volta das 14.00 horas e de irmos parando numa série de “bancadas” ao longo do caminho aquando da falta de petróleo (denominação de cerveja).

Chegámos ao Lobito por volta das 23.00 horas extremamente cansados da viagem e jantámos na estalagem onde nos hospedámos. O dia seguinte foi dedicado ao passeio pelo Lobito e por Benguela. Província muito diferente de Luanda, onde tudo está muito mais organizado e limpo, onde se pode andar na rua a falar ao telemóvel e tirar fotografias e sem grande risco de ser assaltado. Apanhámos um dia soalheiro que deu para aproveitar a passear pela Restinga do Lobito, onde almoçámos e bebemos uns copos à noite.

No dia seguinte fomos conhecer as tão faladas praias da província de Benguela. Começámos pela praia Morena, a Caotinha e por fim a Baía Azul. Para mim, a que gostei mais foi a praia da Caotinha, onde tomar banho com a água a uma temperatura magnífica e de cor azul. Fiquei maravilhado com esta província que se tivesse oportunidade mudava-me para lá de imediato!!! Deixo esta magnifica fotografia da praia da Caotinha para se deliciarem...

Aquilo que mais custou nesta estadia foi saber que estavam a terminar os dias de férias e ter que regressar a Luanda mas pelo menos assim guardamos melhores recordações de onde estivemos.

No regresso a Luanda, fizemos um desvio para passar no Parque das Cachoeiras, em Gabela, para ir ver as muito faladas quedas de água. Outra zona magnífica com uma água excelente de fazer inveja a muitos países tropicais. Um desvio longo mas que vale a pena visitar, pena mesmo não serem mais dias para aproveitar...

sexta-feira, 23 de março de 2007

Tentativa de deslocação a Dalatando

A primeira grande viagem que tentei fazer mais os meus amigos cá em Luanda, foi até Dalatando. Primeira etapa seria chegar a Catete, de seguida ao Dondo e por fim, Dalatando.

A jornada começou, não à hora prevista, devido aos atrasos normais e seguimos viagem com o nosso objectivo traçado. A estrada por onde seguimos, teríamos que passar por Viana, que chegar até lá somos vítimas de um trânsito infernal, demorando aproximadamente 2 horas para fazer uns simples 14 quilómetros. Depois de passar Viana, a estrada até Catete está aceitável, rezando para que não se acerte nos buracos existentes pelo caminho, sujeito a furar um pneu ou mesmo a ter um forte acidente.

A informação que nos foi dada era que a estrada já estava arranjada para seguirmos esta viagem. Contudo, um pouco mais à frente, apercebemo-nos de desvios feitos de terra batida devido à reconstrução da estrada. As obras a serem realizadas estão a cargo de empresas chinesas. O que acho brilhante é que, ao longo do caminho, só se vêm setas a indicar os estaleiros chineses, mas tudo em caracteres chineses e não em português!! Todos nós nos interrogamos porque não está também em português, afinal estamos num país em que a língua oficial e dominante é o português mas pelos vistos são aceite placas noutra língua.

Chegamos a Catete, e na esperança que iríamos fazer uma paragem para tirar umas fotografias e apreciar, por exemplo a estátua em homenagem ao Primeiro Presidente da República de Angola, o Exmo. Dr. Agostinho Neto (a sua terra) e outros pontos de interesse que poderíamos visitar, tal não aconteceu. O tempo era apertado para tentar chegar à província de Malange e não houve tempo para paragens.

Agora sim, começava a verdadeira aventura pelas estradas fora de Luanda!!!

A estrada em pedra e em areia não permitia andar muito depressa. Excepção feita aos camiões e alguns carros que passavam por nós a velocidades completamente alucinantes para o piso existente. Para estes, das duas uma, ou os carros não são deles ou não lhes custou a ganhar o dinheiro para os terem!!! A paisagem alcançada é repleta de imbundeiros, característica da vegetação de África.




Após esta fase da estrada e de 5 horas de viagem, aproximamo-nos duma estrada (se é que se pode chamar estrada) que tem bocados de alcatrão e cortes acentuados, devido, mais uma vez, aos confrontos entre o MPLA e a UNITA. Depois de decorrer 6 quilómetros num tempo recorde de 30 minutos, decidimos perguntar a um camionista quanto quilómetros faltavam e como estava a estrada até chegar ao Dondo. Ao ser confrontado com esta pergunta, o camionista respondeu que ainda faltavam cerca de 30 quilómetros e que a estrada ia sendo cada vez pior!!! Não foi preciso mais para fazermos inversão de marcha e regressar para Luanda.

Parámos a meio para o almoço, em piquenique, tendo como mesa, a frente da pickup cheia de comida e bebida para tirar a fome com que toda a gente já levava, assim como o cansaço da estrada. Parámos num mercado à beira da estrada, e fomos abastecermo-nos com fruta para levar. Esta fruta tinha um aspecto magnífico e havendo de todo o género e a um preço muito mais barato do que os praticados em Luanda. Ao pararmos perto do mercado, somos cercados por dezenas de miúdos, não para assaltar mas meramente para venderem um saco para levarmos as frutas, e estamos a falar de uns meros 5 / 10 kwanzas!!! Mas de qualquer modo, era notório o ar de satisfação destas crianças, que não conhecendo outra realidade, tirando onde estão metidos, pareciam as pessoas mais felizes à face da terra!

Voltámos à estrada, e regressamos a Luanda, fazendo de volta a estrada que se encontra péssima, e o que piora, é que já se sabe como está a estrada, porque passámos por ela até chegar onde estávamos!!!
Nem sequer conseguimos chegar ao Dondo, muito menos ao nosso objectivo que era Dalatando, contudo, não deixou de ser uma aventura lindíssima assim como aproveitar para conhecer um pouco mais da realidade de Angola, além da cidade de Luanda. E fora da cidade de Luanda acredito que é espelhado melhor aquilo que tanto se fala de África!!

A tentativa de arrendar a primeira casa em Luanda

Comecei então, em Setembro de 2006, a minha etapa de procurar um apartamento na cidade de acordo com o “plafond” disponibilizado pela empresa. Sem muita paciência para ver casas, a primeira que vi pareceu-me ter ficado completamente apaixonado (provavelmente por não querer andar muito tempo à procura). A sua localização é magnifica, junto ao melhor hotel de Luanda e praticamente de frente para o escritório, ou seja, salvação para o carro em não ter que apanhar trânsito, mas talvez o risco de atravessar a estrada a pé! Uma casa grande de três assoalhadas com uma vista fascinante sobre a fortaleza e a baía de Luanda de fazer inveja a qualquer um.

Mas, parece que tive azar com o senhorio!! A casa devia estar pronta no inicio de Outubro e passado um mês a casa ainda se mantinha exactamente na mesma. Nesse momento, faltava ainda a instalação das canalizações, arranjar uma parede do quarto, colocar uns vidros, etc., situações que se mantiveram ao longo de toda a negociação com o senhorio. O senhorio quis falar comigo e vêm me dizer que já não tem dinheiro para fazer mais obras e só me pede para lhe dar mais dinheiro para continuar. Não adianta dizer que eu me responsabilizo pelas restantes obras e depois lhe debito o valor nas próximas rendas, não!!! Isto para ele não chega!!! Ele quer mesmo o dinheiro para continuar as obras, mas não deve ser só as obras de para onde eu iria morar!!! Sabendo eu que ele estava a construir uma outra casa daí que se está mesmo a ver para onde vai o dinheiro...

Andei num impasse com o senhorio, visto ele ter o dom de marcar inúmeros encontros comigo para falarmos mas não aparece em nenhum, e até tenho pena dele, porque a vida dele deve ser só problemas considerando que tinha sempre uma desculpa nova para justificar o não aparecimento...

As desculpas resultam sempre em óbitos!!! Ou faleceu alguém da parte do pintor e ele não pode vir ou o motorista dele numa província atropelou 3 pessoas que faleceram e agora é ELE e não o motorista, que tem que pagar aos familiares, que lhe pedem USD 6 000 cada, depois é o funeral dessas mesmas pessoas que pelos vistos ele deve conhecer para marcar presença num funeral. E continuando por aí, telefonar e não atenderem ou atender a sua esposa é o mais normal.
Finalmente se chegou a uma conclusão!!! O senhorio quis mesmo falar comigo e dizer que era urgente e um assunto muito sério!! Ao vir ter comigo ao escritório, começa a falar dos seus problemas financeiros e que com isso teve que vender a casa. Só me deu vontade de rir na cara dele quando lhe pergunto o valor que ele vendeu a casa que eu até podia estar interessado quando ele não me quis dizer, alegando que foi um valor tão baixo que até tinha vergonha de dizer. Logicamente que a casa não foi vendida mas sim apareceu alguém que lhe ofereceu uma renda superior e ele seguiu o cheiro das notas verdes...

Hotel - A minha casa em Luanda



Estando desde Fevereiro de 2006 a morar no hotel, por início de Setembro, aquando do regresso de Portugal, comecei a atingir o meu ponto de saturação de estar a viver num hotel!! Tem como vantagem, ter sempre água para tomar banho, raramente faltar a luz, o parque de estacionamento para por o carro e a segurança ao longo de todo o hotel, ponto que nem sempre quer dizer segurança, isto porque ao entrar no hotel ao longo da noite deparamo-nos com os guardas estendidos a dormir nos sofás do hotel, assim como o próprio recepcionista, ao ponto de ter que estar a bater ao balcão para alguém ensonado aparecer e me dar a chave do quarto!!
As desvantagens são a falta de privacidade e o esconder diariamente dos artigos pessoais de higiene, assim como os comentários dos empregados sobre o que cada um dos hóspedes faz, realmente satura qualquer um!!!

Neste mês decidi comprar uma garrafa de whisky para me entreter e beber uns copinhos, mas como já tinha sido avisado dos “consumos externos”, depois de abrir a garrafa e beber uns copos meti uma marca BEM VISÍVEL a caneta ao longo do rótulo para marcar bem onde fiquei. Acontece que, no fim de semana seguinte lá retiro a bela garrafa do frigorífico e o que vejo, a garrafa diminuiu drasticamente...


Será que evaporou mesmo dentro do frigorífico? Por descargo de consciência fui reparar numa garrafa de aguardente que uns amigos meus me trouxeram do Brasil e que estava guardada dentro do guarda-fato. O inevitável aconteceu... A garrafa estava quase vazia e eu nem sequer lhe senti o cheiro quanto mais o sabor... Fico contente por saber que pelo menos alguém se deliciou com as bebidas que eu tinha no meu quarto e supostamente para eu consumir.
Em relação a estes consumos, isto não vai ficar por aqui... Vou comprar uma frasco de líquido na farmácia, daqueles que prende uma pessoa na casa de banho durante largas horas, ou então mesmo com um pouco de urina e despejar na garrafa de whisky para que o(a) atrevido(a) que decidiu beber aprender a tocar naquilo que lhe pertence... Garanto que se deve arrepender de voltar a beber pelo menos daquilo que me pertence e se encontra no meu quarto...
Até lá decidi guardar a minha garrafa de whisky e a aguardente na mala com cadeado para conseguir beber e me consular com o que me sobrou!!

O outro ponto que acontece neste fabuloso hotel onde moro é a proibição de mulheres aos quartos!! Ora, se eu entrar acompanhado com um homem (negro ou caucasiano) ninguém me diz nada mas se for uma mulher (negra) lá está o senhor polícia ou os próprios seguranças contratados pelo hotel a pedir a autorização e dizer que não pode subir!!! Já perguntei na recepção, em brincadeira, se o hotel incentiva a que as pessoas se tornem gays, ao qual se começaram a rir, realmente que mais poderiam eles fazer se têm ordens superiores para não deixarem entrar mulheres...

Já consegui quebrar esta regra e estou a habilitar-me a ser corrido do hotel mas a minha vida pessoal já foi bastante afectada para ainda ter que estar a aguentar certas e determinadas acções para ter que me privar ainda mais... Pode ser que se for corrido do hotel a minha casa chegue mais rápido!!! Pode ser que sim, a esperança é a última a morrer...
Nem consigo perceber como amigos meus, que estão agora todos a abandonar o hotel conseguiram lá estar hospedados durante dois anos seguidos (eu já levo um). São mesmo fortes!!!!

A reciprocidade da Carta de Condução Portuguesa em Angola

Com a proibição da carta de condução angolana em Portugal, aqui em Angola foi aplicado o Princípio da Reciprocidade. Até aqui tudo podia estar correcto se a população e os órgãos de Comunicação Social não fizessem toda a propaganda da “pessoa querida” – O Mantorras!! Só não mencionam que o Mantorras andava com a carta caducada à 5 anos!!! Ora, nesta situação, seja angolano, português ou de qualquer outra parte do mundo conduzindo com a carta caducada é sinónimo de andar sem carta. Não sei se esperam que um angolano seja uma excepção a todas as regras internacionais.


Com esta situação, vê-se uma autentica caça ao português que anda a conduzir em Angola de modo a querer levá-lo logo à detenção. Momentos felizes para os restantes que não aparentem ser portugueses pois não são incomodados pela polícia... Neste momento não importa a simples “gasosa” porque como não existiu a “gasosa” pela Brigada de Trânsito Portuguesa para o Mantorras aqui aplica-se também o mesmo princípio (ou então é melhor andar mesmo BEM prevenido com uma elevada quantia de kumbú (dinheiro em kimbundo)).

Verifica-se mesmo umas operações especiais por parte da polícia!! A polícia criou uns postos móveis para colocar nas zonas da cidade onde não existe um posto da polícia. Ora, estamos a falar mais para os municípios de Viana (a 26 km de Luanda) ou zonas que cresceram recentemente em termos de habitações (zona de Benfica). Neste momento, estes postos móveis estão ao longo da cidade para ser feito a detenção na hora e para que o português não tenha que se deslocar ao posto e correr o risco de se pirar!!! Está um deles no Largo do Kinaxixi a funcionar.

Como consequência, neste momento ando com o motorista da empresa para todo o lado e apercebo-me que quando passo por qualquer polícia, os olhinhos deles estão bem fixados para todas as viaturas que estão a passar de modo a tentar ver quem vai a conduzir e se for pula, mais hipóteses tem de ser português e daí a ser carimbado...

Estou curioso para saber como vão ser as operações “STOP” da polícia nas noites de quinta-feira, sexta-feira e sábado ao longo das discotecas povoadas pelos pulas...
A revolta ao tuga começa a ser generalizada! Pedi um documento na Polícia para andar mais descansado a conduzir (duas semanas antes desta polémica) e faltava uma assinatura a um preço muito acessível, o que depois do caso Mantorras, o preço foi multiplicado por cinco e ainda não o tenho!!

terça-feira, 20 de março de 2007

A Ilha do Mussulo

Sem dúvida um passeio giro e diferente é a deslocação ao Mussulo. As hipóteses para chegar até lá é de carro ou de barco. Aproveitámos uma amiga que trabalha numa empresa que tem embarcações para os seus funcionários e lá seguimos a nossa viagem de barco. Atracámos no Mussulo e seguimos viagem a pé, de aproximadamente um quilómetro até chegar à contra-costa. Ao chegar lá, verificámos que o mar estava um bocado picado, lembrando a Costa da Caparica com ondas bem grandes em vez do mar calminho que todas as pessoas dizem. Se calhar tivemos azar no dia que escolhemos...

De qualquer modo, foi um dia que deu para aproveitar e descansar, assim como até deu para dormir um pouco apanhando ao mesmo tempo uns banhos de água e de sol. Fomos abastecidos de Luanda, de uma pastelaria conceituada de modo a ficarmos mais tempo na praia e não ter que voltar para a zona de embarque porque é onde se situa o restaurante. Houve pessoas que não aguentaram comer só sandes e lá arrancaram para o restaurante, ficando a perder um excelente dia de praia.

O barco de regresso estava marcado para as 17 horas, tempo suficiente para relaxar e ainda beber umas caipirinhas no bar antes de embarcar.
Finalmente conheci o Mussulo de que todas as pessoas falavam que era magnífico, mas opinião sincera, prefiro Cabo Ledo!!!

segunda-feira, 19 de março de 2007

Nova deslocação a Cabo Ledo

É na expectativa do fim de semana que se começa a afigurar as deslocações para fora da cidade de Luanda de modo a se aliviar o stress do dia-a-dia da semana de trabalho e da cidade em si.

Claro está que o destino mais usual para se ir é para Cabo Ledo. Regressar até esta aldeia acolhedora é de facto maravilhoso. Num dos últimos fins-de-semana de Setembro, lá fiz as malas e segui viagem até lá, de modo a passar lá o fim-de-semana e muito bem acompanhado. Ficar na praia a ver o pôr-do-sol foi extremamente romântico. Foi o fim-de-semana excelente para descanso. Na manhã seguinte, após o pequeno-almoço no restaurante fui deitar-me na praia para aproveitar o sol que estava nesse dia até chegar a hora do almoço e me encaminhar para o restaurante onde me esperava um prato de lagosta para ficar preenchido.

Sobre Cabo Ledo já não há muito a escrever, uma vez que não existem grandes mudanças nesta aldeia e daí ainda ser fruto da atracção de muita gente para fugir à agitação de Luanda, mas sim, deixo esta foto para fazer um pouco de inveja às praias de Portugal. Sei que pela foto não dá para sentir a temperatura da água mas posso garantir que não dá grande vontade de querer sair de lá...

sexta-feira, 16 de março de 2007

O passeio para a Barra do Dande

Em fins de Junho, decidi mais uns amigos meus que se encontram aqui em Luanda, fazermos um passeio até à Barra do Dande. Lá nos pusemos em marcha, com a partida agendada para as 8 horas da manhã com o primeiro destino ao cemitério dos barcos. Lugar agradável mas, na minha opinião, não vale a pena o desvio que se faz para o ir visitar. Viagem que ficou animada com a presença de dois chineses que ficaram atolados na areia, com um jipe que estava nitidamente danificado (danificado é um adjectivo muito fraco mesmo...), quer por fora quer por dentro. Tentámos ajudar a tirar o jipe destas duas alminhas, que de português nada falavam, com uma corda que eles tinham e que foi amarrada à pickup que levei. A corda era extremamente frágil que acabou por se partir e não conseguimos retirar o jipe, visto estar com o eixo traseiro já assente na areia. Foi então que apareceu um grupo de angolanos, decididos a ajudar os dois chineses, mas à troca de uma gasosa, claro está! Esta negociação não correu muito bem, visto que eles não falavam português e os angolanos não falavam chinês, mas os chineses também não estavam muitos disposto a ter que fazer a sua contribuição aos angolanos e então ficou decidido que não era necessário ajuda. Disseram que vinham uns amigos deles para os ajudarem. O que é certo é que quando estávamos a ir embora passou por nós um camião enorme cheio de chineses lá dentro para irem ter com os seus amigos. Isto sim é união e entreajuda!!!

Seguimos então o nosso objectivo de chegar à Barra do Dande.

Ao estacionar o carro na Barra do Dande, apanhámos um barco de pescadores, para atravessar 100 metros do rio, visto que a ponte estava destruída, ainda da guerra entre o MPLA e a UNITA. Ao atravessar o rio para a outra margem, apanhámos boleia de um tractor que nos levou ao condomínio que lá existe e chamado de “Paridíseos”.

Aproveitar mais um dia de praia, um pouco para o falhado, visto que esteve frio e o sol andou escondido durante todo o dia.

Foi, de qualquer modo, útil para a prática de uma partida de futebol entre amigos, suficiente para desgastar fisicamente e libertar metade do tabaco que fumei (assim como os meus amigos) ao longo da semana sem praticar qualquer desporto. Foi fácil de notar, pois ao fim de dez minutos a correr na areia, já estávamos todos cansados.

Partimos para o almoço neste aldeamento, onde surgiu a maior desilusão. Todos nós pedimos o prato do dia, caldeirada de marisco, em que nos apareceu um único prato à frente pela quantia de AKZ 3 000 (USD 37), e isto só o prato!!! Um preço completamente absurdo para a qualidade mostrada e o serviço prestado, mas enfim!

Decidimos dar ainda uma volta pela vila, e fomos ao miradouro onde se consegue ver a junção entre o Oceano Atlântico e o Rio Dande. Lugar onde existem algumas casas antigas, lindas e grandes, pertencentes aos portugueses que cá estiveram antes da Independência.
Depois desta visita, regressámos à cidade para mais uma jornada semanal de trabalho.

A polícia

A polícia de Luanda, não é um dos exemplos a seguir, pois grande parte deles eram patifes até se alistarem na polícia. Qual a diferença??? Passaram a ser uns patifes legais e julgam que por terem um crachá podem fazer tudo. Atenção, nem todos são iguais.

O meu primeiro episódio com a polícia foi, quem diria, no aeroporto. Estava eu a “provocar” e a infringir as regras de trânsito que existem, ou seja, estava parado mesmo em frente a um sinal de “Paragem e Estacionamento Proibido” quando se começa a aproximar de mim um Agente de Autoridade para me abordar sobre a minha infracção. Ao me falar sobre o sinal, pede-me mais uma série de documentos, quer da viatura quer meus, que de nada serviam para cá, e comecei a ver quanto é que teria de desembolsar. Enfim, lá me consegui safar e seguir o meu caminho, com todos os documentos e sem libertar nenhuma gasosa (pormenores que não posso contar como me safei).

Nas minhas aventuras à noite, consegui sempre ser atracção para alguns polícias mais atrevidos, que pensavam que de mim iriam arrancar umas gasosas para me ir embora, seguindo o efeito de perder a paciência. Puro engano!!!!!
Claro está que estes polícias, que andam nas Pickup’s com um banco corrido na parte de trás e cheio deles, na minha opinião, são os piores.

Uma das vezes, vinha eu descontraído na estrada em direcção ao hotel onde me encontro alojado, depois de cair na noite, vejo um carro da polícia a vir em sentido contrário, e assim que eu viro numa rua olho pelo espelho e que vejo!!! O carro da polícia a fazer marcha atrás e a entrar na rua e a seguir-me. Reduzo a velocidade com a Pickup sempre colada a mim até que decide me ultrapassar, olhar fixamente para mim e pôr-se à minha frente cortando-me o caminho, daí que percebi que devia ser para parar!! Nesse momento, fui abordado por eles e foi-me pedido os documentos da viatura e a carta de condução (não me pediram o passaporte, vá se lá saber porquê?!?!?!). Da análise do polícia ao livrete provisório da viatura, vêm-me dizer que está caducado (documento esse que tinha recebido dos Serviços de Viação dois dias antes de ser abordado). Ora a caducidade mencionada pelo polícia estava baseada no número da guia que tinha a seguinte tipologia: “número/mês/ano”!!! Fico pasmado a olhar para o polícia, sem saber se ele está a falar verdade pela data que indica ou se está a mandar o isco a ver se pega.....

Defendo-me a dizer que a data é a que está no final do documento, dois dias antes de ser mandado parar, em que o polícia confere com os seus estimados colegas de profissão e me pede para sair do carro e ter com eles. Erro!!! Isso nunca se faz, e não o fiz, e ter que dizer que “vocês é que me mandaram parar, analisem os documentos e devolvam-mos porque eu não saio do carro!!”. Resultado: devolveram-me os documentos e desejaram-me boa viagem.
Não foi preciso muito tempo para ser abordado novamente pela polícia, ou seja, no dia seguinte. Aí segue uma nova história pelos polícias, mas desta vez, com o dito passaporte!! Ora, o meu passaporte estava entregue para se tratar da respectiva renovação e andava eu com o papel emitido pela DEFA com a data limite no dia em que me mandaram parar.

sexta-feira, 9 de março de 2007

Os restaurantes

Pela movimentação de capitais derivada da venda de diamantes e petróleo, a cidade de Luanda pratica uns preços caríssimos de qualquer artigo, mais ou menos 3 vezes mais do que em Portugal, considerando a nível de restauração, por exemplo, um preço médio de USD 30 por uma refeição perfeitamente normal num restaurante razoável.

Não falando de outros restaurantes espalhados ao longo da Ilha de Luanda tais como “Coconuts”, “Cais de Quatro”, “Caribe”, “Bordão” que são bem mais caros do que o preço apresentado. Destes restaurantes, qualquer um deles apresenta uma vista magnífica, quer virado para o mar quer virado para a baía de Luanda.

Não desfazendo qualquer um destes restaurantes, a minha preferência recai sobre o restaurante “Multibocas” que de facto, a comida é magnífica mas com um grande problema, não sei se existe apenas um “bico” no fogão ou se é mesmo o efeito de demorar imenso tempo para servir um prato. Excepção feita durante a semana, se for pedido o prato do dia. Peca também por não ter café expresso mas não se pode ter tudo. Apesar do tempo de espera por um prato ser em média de 30/40 minutos, é certo que o restaurante está sempre cheio quer de angolanos quer de estrangeiros.

Novamente a noite...

Cada vez mais farto da rotina do dia-a-dia a da noite também não muda muito. Neste momento, apenas saio para jantar e acabo por ir beber uns whiskys ao “Chill Out”ou ao “Bay In” e fico por aí. Acabou-se-me a paciência de ir para o “Palos” ou para outra discoteca e estar a ser sempre vítima das «pistoleiras» e das «bandidas» a pedir bebidas e a fazer convites para extorquir dinheiro a toda a gente. Será que esta gente não tem gosto para fazer algo na vida além de querer sacar umas “massas” aos pulas que estão cá a trabalhar? Realmente existe uma máxima: “O «não» está garantido se for «sim» já se está a ganhar!”. Isto porque existe uma hierarquia destas senhoras, entre as «pistoleiras» e as «bandidas» respectivamente na relação entre as «experientes» e as «novatas» na arte de extorquir dinheiro pelo prazer sexual! E cuidado com a carteira, porque quem adormecer acorda «limpinho» das notas verdinhas ou de qualquer outra e colocadas em sítios que não lembram a ninguém...

A noite de Luanda (análise do 1º semestre de 2006)

Luanda também tem uma vida nocturna muito agitada e excelente, muito ao nível das grandes cidades. Inevitável não falar no roteiro que envolve, quer o “Chill Out”, “Eden”, “Palos”, Bay In, “Dom Q” ou o “Bingo”, estes dois últimos só bem carregadinho de álcool no sangue, mas existem tantos outros muito bons e com musicas diversas, quer locais quer estrangeiras. Claro está que também à saída de qualquer destes bares se encontra uma multidão de miúdos a pedir dinheiro e a fazer tudo para sacar algo aos pulas que saem da discoteca e que com os copos a mais estão mais vulneráveis. Não fosse os contactos que se tem com os polícias que se encontram nesses lugares, acho que as coisas estariam bem piores.

Viagem para Cabo Ledo

A minha primeira deslocação fora de Luanda, tal como me aconteceu no ano anterior quando cá estive, foi para Cabo Ledo.

Claro que, no caminho para Cabo Ledo, à que fazer quase que paragem obrigatória no Miradouro da Lua. Sem dúvida um lugar que dá para imaginar se a lua será mesmo assim, mas tem-se uma visão fantástica e muito linda deste pequeno ponto de paragem. É pena, que tantas pessoas a passarem aqui, não respeitem um pouco o ambiente que existe e poluam o chão todo com umas latas de gasosas, vidros, papeis e beatas de cigarro, mas enfim, podia também haver uns contentores para se depositar este lixo, mas a seu devido tempo, acredito que irá haver, de modo a se preservar a imagem da “lua” e não da sujidade provocada por nós.


A vista é deslumbrante até onde os nossos olhos atingem, tendo o Oceano Atlântico à frente e com um imenso areal para prática balnear que são as denominadas praias dos quilómetros. Nestas praias, muita gente vem fazer campismo selvagem assim como existem cabanas de madeira construídas para acolher as carteiras mais baixas de quem quer passar um fim-de-semana fora de Luanda ou alugar a cabana por uma temporada.

Continuando a nossa viagem, ao sairmos da província de Luanda, deparamo-nos com a portagem da Barra do Kwanza. Um valor de AKZ 220 para atravessar uma ponte sobre o Rio Kwanza, rio enorme, lindíssimo e cheio de crocodilos, ideal para os aventureiros da natação, e começamos a ver uma vegetação completamente diferente do resto do caminho. Uma vegetação extensa e verde por uma zona abundante de água.

Na continuação do caminho para o nosso destino, uma placa com um caranguejo, indica a saída para Cabo Ledo. Ao fim de aproximadamente 140 km da cidade de Luanda, e após passar pelas cabanas da população de Cabo Ledo, todos eles a quererem vender umas lagostas, chegamos a um lugar magnifico para descanso, com uma praia magnifica, com a água clara e quente que nem vontade dá de sair para onde quer que seja.

Para o almoço, encontra-se um restaurante de praia, com umas cabanas para nos podermos abrigar do sol e comermos descansados umas lagostas, camarões ou uns peixes frescos. A única coisa que peca é que os preços estão cada vez mais perto dos praticados na cidade de Luanda. Para quem quiser ficar o fim-de-semana, este restaurante dispõe de uns bungalows para pernoitar e acordar no dia seguinte com um barulho calmo das ondas e dos pássaros a cantarolar.



Depois de um almoço recheado de gambas e peixe fresco, apanhado de manhã, é tempo de ir “giboiar” um pouco e ficar estendido ao sol até aproximadamente às 16.00 horas, e está na altura de regressar à cidade, embora ainda com um sol convidativo para mais umas horinhas mas devido ao trânsito caótico que se vai encontrar lá começamos a arrumar as coisas e nos prepararmos para o regresso.

O parque automóvel e o trânsito na cidade

Por incrível que pareça, sendo um dos países mais pobres do mundo, deparamo-nos com as mais altas novidades no mundo automóvel assim como os topos de gama mundiais em marcas como a BMW, Mercedes, Porsche, Lexus, Toyota, Audi, assim como os jipes mais sofisticados e enormes. Claro está que não podia faltar o enormíssimo “Hummer” na escala do mais forte. Claro que também se verifica enúmeros carros bem antigos e desfigurados, mas num universo de 4 milhões de habitantes na cidade não podia ser tudo de alta gama, esses ficam reservados para uma pequena fatia da população.

Fiquei surpreendido com a quantidade de jipes que existem na cidade mas tendo em consideração o estado degradado das estradas é quase que uma condição obrigatória ter um jipe, assim como quando se pretender fazer umas deslocações para fora da cidade.

Tanto eu como grande parte dos expatriados que aqui se encontram a trabalhar, todos temos ou motorista ou automóvel para as deslocações, quer seja do hotel para o escritório, do escritório para os clientes ou para um restaurante. Também se verifica que não existe um adequado sistema de transportes que facilite essa situação, daí que a cidade quase que acaba por ser dominada pelos “candongueiros”, as carrinhas “Toyota Hiace” de cor azul e branca assim como os veículos de turismo particulares, que grande parte são os “Toyota” Starlet” denominados por “girabairro” que fazem o transporte de grande parte da população que vive nos arredores da cidade, visto não serem abrangidos pela rede de transportes públicos existente na cidade. Ambos são conduzidos por motoristas, grande parte, completamente inconscientes que tudo fazem para dar o maior número de voltas na cidade para obter um rendimento.

Falando dos “candongueiros”, o seu objectivo de táxi é para no fim do dia dar o valor estipulado ao seu “proprietário” e conseguir a sua mais-valia. Esta mais-valia resulta da mistura entre conseguir o dinheiro para entregar e não ter nenhum acidente, avaria ou não ser interceptado pela polícia que tenta complicar um pouco a vidinha. O estado de conservação destes táxis é assustador, encontra-se de tudo, desde carrinhas a andar de lado assim como com a ferrugem já toda à mostra como se fosse um novo modelo de pintura. Impressionante a quantidade de pessoas que cada um deles leva. Falamos de bancos corridos que levam 4 pessoas (no mínimo) em cada preenchendo uma média de 16 pessoas por táxi.

Reina a lei do mais forte nos cruzamentos, o mais atrevido e claro está que os jipes e os de gama alta conseguem ter um pouco mais de prioridade em relação aos outros veículos. Não é verdade que nas rotundas quem tem prioridade é quem lá está!!! Essa situação aqui em Luanda não se verifica!! Assim como as ultrapassagens são feitas quer pela esquerda ou pela direita, assim como pelo próprio passeio em dias de maior movimento. Eu próprio também já me adaptei a essa situação e estou com medo de como vai ser a minha condução quando chegar a Portugal...

As estradas também não ajudam muito à circulação devido ao seu mau estado. Mas magnífico é: as estradas têm crateras enormes que se se acerta com uma roda lá estraga-se a suspensão toda e o risco de arrebentar um pneu, mas mantêm-se a compra das viaturas de alta gama e melhor ainda com pneus de baixo perfil. Além do mais, já vi a circular aqui em Luanda um “Bentley” assim como um “Ferrari” com as brilhantes estradas existentes.
Outra situação que se verifica é a ausência de passadeiras e de semáforos para aqueles que andam a pé pela cidade. Claro está que é um perigo iminente para quem quiser atravessar uma estrada, mas existe sempre quem o faz, ficando parado no meio das faixas à espera de uma vaga entre dois caros que venham a circular. Pelo menos ainda se respeita quando se trata de crianças com a bata branca do colégio para atravessarem a estrada, porque caso contrário ninguém pára.

A venda ambulante em Luanda


A cidade de Luanda está povoada de vendedoras de fruta, peixes e legumes com as seus alguidares à cabeça proveniente do mercado Roque Santeiro (maior mercado mundial a céu aberto), e de tudo o mais que seja possível, tais como cabides, copos, artigos de automóvel, sacos de pão, tabaco, isqueiros, sapatos, roupa diversa, perfumes, bolachas, jornais e revistas, mobiliário para a casa, malas de viagem, óculos de sol, relógios, etc.. provenientes de comerciantes chineses e indianos.
Uma das coisas que não se vê à venda nas ruas de Luanda são as peças de artesanato feitas pelos artesãos angolanos. Se se quiser estas peças temos que ir ao mercado de Benfica ou então em alguns mercados na Ilha de Luanda e algumas lojas ao longo da cidade de Luanda.

quarta-feira, 7 de março de 2007

A primeira jornada de Angola em 2006




Com a viagem para Angola, no primeiro trimestre de 2006, convicto do trabalho que iria desempenhar, arranjei as malas e segui viagem até lá. Após as despedidas no aeroporto da Portela, lá entrei no avião para passar 7 horas a voar até Luanda. Viagem por sua vez muito calma, sem se verificar um grande atraso, coisa que a companhia aérea de Angola já habituou os seus passageiros a constantes atrasos. Ao aterrar no aeroporto 4 de Fevereiro, por volta das 4.00 horas da manhã, lá estava o meu chefe à minha espera para me levar para o hotel onde fiquei alojado e onde me encontro, como a minha casa na cidade de Luanda.

Não passa um dia, em que não se verifique um episódio diferente, ao qual, quem já passa lá um certo tempo, começa a achar já uma certa naturalidade e fica um pouco indiferente a comentários de pessoas que chegam pela primeira vez, mas que acha graça porque já se passou pelo mesmo, ou seja, aqueles comentários do género: “vocês aqui bebem as bebidas com gelo?? Foi-me dito para não beber!!” ou “voçês usam os repelentes por causa dos mosquitos? Não têm medo de apanhar paludismo?”.

Por lógica, quando chega um novato à cidade, o que se faz é uma visita guiada pelos principais pontos da cidade, indo sempre aconselhando o que se deve e não fazer. O arranque da visita começa pela verdadeira realidade de Angola, os “musseques” (i.e. bairros) nos arredores de Luanda com habitações construídas sem qualquer ordenamento, em que algumas delas nem existe acesso a passar um carro quanto mais um camião dos bombeiros na necessidade de qualquer emergência de um fogo. Estes “musseques” foram sendo construídos durante os anos de guerra em que as populações do interior procuravam refúgio quer da guerra quer da fome na capital. Actualmente, vivem cerca de 4 milhões de pessoas na cidade de Luanda (aproximadamente um terço da população do país).

Depois, passamos à etapa dois, ou seja, os lugares mais frequentados pelos estrangeiros e pelos angolanos que ostentam dinheiro e aqueles que se fazem passar por isso. Em grande parte destes lugares, geralmente, estão sempre acompanhados de uma companhia angolana, como se estivessem a exibir o seu novo troféu de engate ou então a cobrar o pagamento de qualquer favor.

Ao andar a passear pela cidade, apercebemo-nos da agitação que a cidade propõe e as potencialidades a que ainda está sujeita. Estão a aparecer empresas em grande escala, e ainda existe espaço para muitas mais, verificando-se taxas de crescimento anuais muito atractivas para qualquer negócio que se queira implementar.